O CLIMA E A ARQUITETURA BIOFÍLICA
Como um bom projeto de Arquitetura Biofílica pode melhorar nossas vidas com maior integração com a natureza.
Você já deve ter ouvido falar em Arquitetura Sustentável ou Arquitetura Biofílica.
Ao longo da minha jornada como Arquiteto, tenho visto muitos profissionais trazendo esses termos para simplificar o entendimento do público em geral sobre o seu trabalho. Na realidade, o que hoje se conhece como Arquitetura Biofílica é na verdade um conceito que já vem sendo utilizado há muitos anos por diversos arquitetos. O projeto de Arquitetura nasce de sua relação com o meio ambiente no qual será construído. A posição de uma casa em um terreno, sua proximidade ou não com outras construções, a altitude do local, a direção dos ventos. Todos esses aspectos possuem uma interferência direta no resultado de uma construção.
Para algumas pessoas, pode ser um pouco complexo entender como esses aspectos pode ter tanta relevância no dia-a-dia de suas vidas. Entenda como um arquiteto projeta uma casa ou edifício a partir das características naturais do local.
Aspectos do estudo da Insolação do terreno
1. A posição aparente do sol pode ser definida
Primeiramente, para se compreender a insolação de uma casa é preciso saber que a posição do sol ao longo dos dias e ao longo do ano é passível de ser determinada. Nós arquitetos temos conhecimento para compreender o comportamento do sol em horários específicos de qualquer dia.
Para isso, arquitetos mais antigos utilizam-se de uma ferramenta chamada “Carta Solar”, que através do uso de conhecimentos de geometria permite se estimar a posição e altura exata do sol em um determinado horário.
Com essa ferramenta, nós conseguimos definir por exemplo o tamanho de janelas e aberturas no edifício, o sombreamento que elas deverão produzir e quais horários do dia isso acontece.
Ainda em fase de projeto, somos capazes também de definir toda a dinâmica da vida na casa: posso posicionar os quartos com janelas viradas para o sol da manhã, para que eles recebam a luz do sol quando as pessoas estão acordando e arrumando duas camas. Uma sala de estudos ou ambiente de leitura pode receber a luz do sol da tarde, para aproveitar uma bela visão do pôr-do-sol. E claro, podemos posicionar corretamente uma piscina para que não haja sombra durante o verão.
2. A posição aparente do sol muda ao longo do ano e deve ser aproveitada
Não é novidade para ninguém que o caminho que o sol percorre no céu ao longo do ano é variável. Mas essa variabilidade também é previsível e deve ser aproveitada ao se projetar uma casa.
O sol se “desloca” ao longo do ano percorrendo 3 principais eixos: O Trópico de Câncer, Trópico de Capricórnio e Equador. Aqui, não vamos nos prolongar sobre esse assunto, mas a principal informação que precisamos aqui está em saber em qual desses eixos nossa casa se encontra.
Um bom projeto de Arquitetura pode tirar proveito desse comportamento da insolação, avaliando quais são os melhores períodos para se receber a entrada direta do sol, e quais são os períodos onde queremos priorizar menor insolação.
3. Por que a fachada norte é tão valorizada?
No Brasil, no estado de São Paulo por exemplo, estamos localizados no Trópico de Capricórnio. Em tese, essa é a posição mais ao sul do planeta que o sol percorrerá durante o ano, e isso ocorre no período que chamamos aqui de Solstício de Verão. Nesse dia, costumamos dizer que é o “dia mais longo do ano”. Em todos os outros dias do ano, o sol deverá estar mais ao norte dessa linha. No Solstício de Inverno, o sol encontra-se mais distante de nós aqui, no Trópico de Câncer.
Por isso, aqui no Brasil, especialmente nos estados mais ao sul, a fachada voltada para o norte tende a ser muito valorizada, pois receberá uma boa insolação na maior parte do ano.
4. O posicionamento correto de placas solares
Neste aspecto, é fundamental que se conheça profundamente o mecanismo de funcionamento da trajetória aparente do sol para podermos tirar o melhor proveito possível da energia solar.
Em projetos residenciais, temos dois tipos principais de aproveitamento da energia solar: as placas para aquecimento solar e as placas fotovoltaicas.
A principal diferença entre elas consiste na tecnologia empregada. As placas para aquecimento, que são utilizadas para aquecer água do chuveiro ou piscinas, são na verdade produzidas com um material que absorve o calor do sol e o transfere para a água que está circulando por ali. Essa água quente fica então armazenada em um “tanque” conhecido como boiler, que funciona quase como uma garrafa térmica, mantendo a água armazenada aquecida durante um determinado tempo.
Já as placas fotovoltaicas se utilizam de uma tecnologia mais avançada, com o uso de células capazes de absorver a energia da luz do sol para a produção de energia elétrica.
Para ambos os sistemas, é essencial que as placas estejam posicionadas com o melhor ângulo possível para tirar o maior proveito da variação da posição do sol, de modo a obter-se a maior insolação direta possível durante o ano inteiro.
O mal posicionamento dessas placas pode significar um prejuízo direto, tanto do ponto de vista financeiro quanto funcional, já que estará sendo produzida menos energia do que a capacidade do sistema.
A ventilação natural
Se o arquiteto é capaz de definir a insolação de uma casa, o mesmo pode-se dizer sobre a ventilação. Aqui, a ferramenta mais conhecida que utilizamos é a Rosa dos Ventos.
Todas as regiões possuem o que chamamos de “ventos predominantes”. Os ventos são gerados pela diferença de pressão provocada pelas características geográficas dos lugares (altitude, proximidade com áreas montanhosas, zonas de alta ou baixa pressão, proximidade com o mar, etc.).
A compreensão dessas características do terreno em que se pretende construir irá permitir ao arquiteto tirar proveito da ventilação natural através do posicionamento adequado das janelas e aberturas, podendo criar áreas de ventilação cruzada.
É possível também combinar outros elementos para potencializar a ventilação natural, como por exemplo instalar em áreas estratégicas os famosos espelhos d’água. Se bem posicionados, esses espelhos podem refrescar ambientes muito quentes através do “resfriamento evaporativo”.
A vegetação e os materiais naturais
Nós seres humanos somos parte da natureza e de seus ciclos. Em um projeto de Arquitetura que busca melhorar a qualidade de vida e saúde das pessoas, é imprescindível que se trabalhe adequadamente o uso das plantas e vegetação naturais.
É importante considerar um equilíbrio na composição de plantas nos ambientes, levando em consideração os hábitos de quem irá viver e cuidar das mesmas, para não correr o risco de se ter uma quantidade além do necessário, que pode tornar o espaço sufocante e disfuncional.
Além da vegetação natural, um projeto “biofílico” deve considerar a utilização de materiais naturais, como as madeiras, pedras e tecidos. Vale salientar a importância do manejo sustentável desses elementos. O uso de madeiras e pedras certificadas é fundamental para se ter um projeto mais sustentável.
Na Casa Vegati, desenvolvemos nossos projetos trabalhando com materiais e cores que evocam a natureza e os elementos naturais. O uso da cor acontece através do uso de materiais naturais ou sintéticos que remetem a esses elementos naturais. Adotar os tons neutros presentes na natureza, como os tons de madeira, fumaça, areia e o verde da vegetação irá produzir ambientes mais biofílicos, que dialogam com o meio-ambiente e geram sensação de tranquilidade e bem-estar.
Um bom projeto de Arquitetura deve sempre considerar as variáveis microclimáticas do terreno em que a obra deverá ser construída. A boa Arquitetura irá trazer diversos benefícios para a vida e saúde das pessoas que irão usufruir dela.
Se você estiver adquirindo um terreno e irá construir sua casa, não se esqueça de avaliar esses aspectos para se obter o melhor resultado. Fale conosco clicando aqui para ajudarmos no projeto da sua nova casa. Na Casa Vegati, desenvolvemos nossos projetos de Arquitetura sempre buscando as melhores práticas e soluções para uma Arquitetura mais sustentável e humana.